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MORRER SE PRECISO FOR, MATAR NUNCA!

O que Rondon sentiria se estivesse sentado no sofá da sua casa assistindo televisão e visse nos noticiários as seguintes matérias?
- Pai joga filha pela janela.
- Jovem seqüestra e mata a namorada
- Marido ameaça matar a mulher e ela se joga com o filho do 3º. andar.
Matar hoje é tão banal. Parece que já estou vendo o dia em que esta cena vai ocorrer.
Um rapaz chega ao escritório, com uma cara entediada, e o colega pergunta;
- O que foi cara, está doente?
- Não, não é nada não, é que já faz uma semana que eu não mato ninguém. Nem um atropelamentozinho, nada, nada...
Ai o amigo responde:
- Tenha calma, a vida é assim mesmo.
Será que estamos precisando de um Civilizador do Sertão.
Sertão bruto das idéias.
Sertão bruto dos sentimentos.
Estamos nos dizimando e ninguém faz nada.
Sebastianistas como somos é bem capaz de estarmos por esperar outro marechal da paz.
Mas, enquanto ele não vem vamos lendo Florbela Espanca, porque ela sim, soube dar valor à morte.

Eu ...
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!
Florbela Espanca

1 comentários:

valschueler disse...

"Eles" tinham que cobrar impostos sobre mortes. Elas iam diminuir muito. Mas os bancos e hospitais iam ficar meio lotados.
Olha... sou muito emotivo, por isso (e só por causa disso), não maltrata esse coração cansado de sofrer e cheio de ilusões desfeitas, mas ainda jovem de amor e cheio de paixão.
Lança o seu livro logo, pois preciso ficar a sós com ele em minha cama nas minhas noites, nem solitárias nem frias, mas cheias espaços que o teu texto preenche como uma luva!
E eu nem sou assim tão gay...