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É TEMPO DE VESTIBULAR

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A MIDIA E O MEIO

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Noticia de jornal:

“A forma que a mídia aborda a violência”. Este foi o tema da redação deste ano da Universidade Federal de Sergipe. Em mais um ano, a UFS utilizou uma temática envolvendo a mídia.

Então, vamos à mídia.

Mas primeiro, é preciso saber do que estamos falando.
Há algum problema em recorrermos ao tio Aurélio?
Não?
Então, vamos lá.

[Do ingl. (mass) media, ‘meios de comunicação (de massa)’; o ingl. media advém do neutro pl. do lat. medium, ‘meio’, ‘centro’, forma subst. do adj. lat. medius, a um, ‘que está no meio’, inicialmente us. na acepç. geral de ‘meio’, ‘meio termo’.] Substantivo feminino. 1.Comun. O conjunto dos meios de comunicação, e que inclui, indistintamente, diferentes veículos, recursos e técnicas, como, p. ex., jornal, rádio, televisão, cinema, outdoor, página impressa, propaganda, mala-direta, balão inflável, anúncio em site da Internet, etc. 2.Veículo de mídia (1): O jornal é a melhor mídia para anúncio de serviços profissionais. 3.Prop. O conjunto de meios de comunicação selecionados para a veiculação de mensagem ou de campanha publicitária. [Sin. (ingl): media mix.] 4.Prop. Atividade profissional direcionada ao planejamento da mídia (3) e à veiculação de anúncios, comerciais, etc. 5.Prop. Setor de agência de propaganda responsável pelo planejamento e coordenação de mídia (4). 6.O suporte ou a tecnologia us. para gravação ou registro de informações, como, p. ex., CD, fita DAT, videoteipe, impresso, etc. 7.P. ext. Gír. Profissional que atua na mídia (4). Mídia alternativa. 1. Prop. Mídia (1) de menor custo, e em veículos de recursos e de alcance restrito, como painéis em mobiliário urbano (q. v.), cartazes em estações de metrô, anúncio em sites da Internet, luminosos em táxi, filipetas, etc., e que exclui as opções mais abrangentes e de maior custo, como comerciais em televisão, anúncios em jornais de grande circulação, etc. Mídia digital. 1. Mídia (1) baseada em tecnologia digital, como, p. ex., a Internet e a TV digital. 2. Mídia (7) que utiliza gravação digital de dados, como, p. ex., o CD-ROM, fita DAT, disquete, etc. Mídia eletrônica. 1. Comun. Mídia (1) que inclui, esp., o rádio e a televisão. [Incluem-se tb., nessa categoria, o cinema e outros recursos audiovisuais.] [Cf. jornalismo eletrônico.] Mídia impressa. 1. Comun. Mídia (1) que inclui, esp., jornais e revistas. [Incluem-se tb., nesta categoria, outros recursos impressos de comunicação, como mala-direta, folder, catálogo, etc.]

Perceberam?

Midia, não é só televisão. A televisão por ser o mais forte veículo de comunicação (de massa) absorveu quase que literalmente o significado – mídia.
Ela é poderosa. Mas não detém o poder. A gente é que confere poder a ela?

Dizem que a democracia é quem fabrica ditadores.

O tema da redação do vestibular da UFS deste ano apresentou dois textos.
Um condenava a televisão por exibir indiscriminadamente em tempo real nos seus noticiários a violência que assola o nosso país. O outro texto absolvia.

O tema, embora recorrente, não deixa de ser interessante.
Porém, o que me preocupa é o fato de ligarmos a palavra mídia diretamente à televisão. Esquecendo os outros meios. Mas por que isso?

Vamos pensar juntos:
A criança que entrou este ano na primeira série do ensino fundamental – segundo a revista DOM – com sete anos de idade, antes de botar o pé dentro da escola pela primeira vez e assistir à sua primeira aula, já tinha assistido a cinco mil horas de televisão. Porque se calcula que a criança veja em média três horas de TV por dia, a partir dos dois anos de idade, o que significa que aos sete anos de idade ela terá presenciado por volta de mil horas de TV por ano.

Pois bem, que culpa tem a televisão, se os pais estão terceirizando a educação dos seus filhos?

Lembro de uma campanha da M TV que dizia “Desligue a televisão e vá ler um livro”.

Voltando ao tema do vestibular, um dos textos dizia que a televisão era culpada pelo aumento da criminalidade, pois, exibe muita violência em seus telejornais. Se assim fosse vejamos, os telejornais de maior audiência na TV aberta brasileira não passam de 45 minutos, enquanto os programas evangélicos têm no mínimo 2 horas de exibição. Nesta proporção, hoje o Brasil seria o céu.

Muito bem, só para lembrar o escopo (escopo é ótimo) deste texto:
1. televisão não é a mídia, é apenas um componente dela.
2. hoje todo aparelho de televisão vem com um apêndice chamado controle remoto.

PATINHO FEIO É A MÃE

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praia Coroa do Meio - Aracaju


Eu me lembro de uma campanha que foi feita há alguns anos para divulgar o turismo da nossa cidade, em que em dado momento se via a seguinte frase: “Aracaju a cidade das águas peroladas” (mais ou menos isso).

A ideia na época penso eu, devia ser inserir o nosso estado no mesmo contexto em que se encontra Maceió, com sua Pajuçara e seu azul piscina.

Então... Aracaju a cidade das águas peroladas... (deu pra entender?).

Preparando a minha viagem de final de ano, como de costume, visitei alguns blogs especializados no assunto. Encontrei o site do Ricardo Freire http://www.freires.com.br/ um “viajandão” profissional. Olha o que ele diz a respeito de Aracaju:

“Quando você considera apenas a praia, Aracaju é o patinho feio das capitais litorâneas do Nordeste. Sua costa sem recortes e seu mar de águas eternamente turvas não tornam fácil a vida dos fotógrafos de cartão postal.”

Eu acho que era sobre isso que a campanha falava. Nossas águas são eternamente turvas e eles queriam fazer disso uma atração turística.

Quanto às águas turvas eu até posso concordar, pois, nossa areia está em suspensão, o que deixa a coloração da água não turva – Freire – perolada. Agora, patinho feio do nordeste é a mãe. Que mãe? Qualquer uma, menos a sua e a minha. Desculpe, baixou o Rafael Galvão em mim, mas tem coisa que não dá pra engolir.

Antes que você fique “p” da vida com ele, devo acrescentar que ele continua seu texto traçando alguns elogios ao nosso estado e nossa cidade. Pô, mas tem que ser assim, primeiro morde para depois assoprar.

Veja como ele tenta consertar as coisas:

“Mesmo sem uma orla exuberante, no entanto, Aracaju tem seus encantos: trata-se de uma cidade bonita, arrumada e muito agradável -- arborizada, com trânsito fluido e sem miséria aparente. A qualidade de vida é a mais alta entre as capitais de seu porte no Nordeste; Aracaju chega a ser chamada de "a Suíça nordestina".

Não é que ele quase conseguiu. Mas o patinho feio ainda está entalado na minha garganta.

Tenta de novo Freire.

“A cozinha local, capitaneada pela carne-de-sol, pelo pirão de leite e pelo caranguejo, é deliciosa. E a cidade está muito bem localizada para passeios interessantes, como ao cânion do Xingó, no rio São Francisco, às cidades históricas de São Cristóvão e Laranjeiras e à praia de Mangue Seco (que, apesar de estar na Bahia, tem acesso mais fácil por Sergipe).”

Aqui, me perdoem, ele escorregou de novo.
Freire, para nós, Mangue Seco, Tieta e até as cabras da Teita, pertensem a Sergipe. Se não é de fato, é de direito.

Depois de dar mais algumas dicas sobre Aracaju, Freire chuta o balde:

“Afinal, vale a pena ir para Aracaju? Se você sonha com dias dias gloriosos numa praia de pôster de paraíso, não. Mas se você busca um lugar tranqüilo e vagamente exótico, de onde você pode fazer vários passeios bacanas a lugares que pouca gente conhece, então você vai gostar.”

Vale a pena vir para Aracaju?
Vale. Vale e vale muito.
Aqui você vai encontrar um povo maravilhoso, hospitaleiro, bem humorado e metido a besta, que é a melhor coisa do mundo. Aqui, todo mundo anda de carro novo. Sergipano quando quer fazer compras não vai para rua 25 de Março, vai para a Rodeo Drive. O sergipano se orgulha de ser o que é, e como é. Nossa água eternamente turva ou perolada, como queiram, tem uma temperatura morna deliciosa que quando a gente entra, não quer mais sair. Nossa mar tem marolas, que acariciam o nosso corpo, ao invés de ondas cavalares que nos impõe caldos vexaminosos. Aracaju não precisa de olhos azuis. Aracaju tem charme. Tem “it”.

Vale a pena vir para Aracaju?
Vale. Vale e vale muito.

Eu sei que você querido (a) leitor (a) vai dar uma espiadinha no site do Freire e ler a respectiva matéria. Devo dizer que entendi sim as colocações dele, apenas, não concordo com algumas delas.
Ah, e antes que eu me esqueça: patinho feio do nordeste é a mãe.

ANA E O MAR - UMA CRÔNICA QUASE INFANTIL

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Ana era uma menina tímida. Tão tímida que de vergonha, não se olhava no espelho. Não se olhando no espelho então, não podia ver quanto aveludada era a sua pele. O quanto rosa eram os seus lábios. O quanto sedosos eram os seus cabelos. O quanto deslumbrantes eram seus olhos. O quanto simétrico era o seu nariz. O quanto retilíneo era o seu corpo. O quanto expressivas eram as suas mãos. O quanto delgados eram seus pés. Ana não se olhava no espelho, porque não se via nele. Um dia, Ana viu o mar e se apaixonou. Identificou-se com ele plenamente. Então, deixando toda a timidez de lado, tomou coragem e perguntou: “... Oh, divino e maravilhoso mar. Águas donas desta terra! O que vejo em ti, que reconheço em mim. Não sou nada diante de tanto poder. De tanta imensidão. O que trago em mim que me leva a ti”. Então, o mar, como tudo que é grande, também é simples, simplesmente respondeu: “O que vês em mim que te lembra a ti, não é nada que se meça. Não é nada que se compare. O que vês em mim, que te lembra a ti é o mistério. De ser calmo, violento, raso, profundo, adorável, temível, enigmático, revelador, finito e infinito, feio e bonito. Afinal, não há como esconder o que se é.” Depois daquele encontro com o mar, Ana nunca mais deixou de se admirar no espelho. Ficava horas e horas olhando cada detalhe do seu corpo. E a cada dia descobria uma nova menina que se tornava lentamente mulher. E quando alguém lhe perguntava: “Ana, o que há neste espelho que você tanto olha?”. Ela respondia: “O invisível”.

EXPANSÃO DA ZONA

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Aracaju está crescendo. Está virando metrópole. Tem até zona de expansão. Bom lugar para se viver. A paisagem é deslumbrante. A quietude extasiante. Um verdadeiro retrato do quase paraíso. Quase. Falta água todos os dias ao pretendente. Quando chove, o telefone fica mudo. E, para a gente não ver o pior, a luz sempre acaba. Eu acredito que realmente estou morando numa zona de expansão. Nunca vi tamanha expansão de descaso. Tem terrenos baldios enormes que, sem cercas, viram depósitos de lixo. E o asfalto? Deixa-me contar a teoria de botequim muito bem fundamentada do meu amigo Gélio Albuquerque:

- Trolleis, aqui em Aracaju eles são muito caprichosos. Quando aparece um buraco no asfalto, a prefeitura vem e asfalta o buraco, é um primor.

Espero que a zona de expansão não se transforme numa expansão da zona. Como diz a minha amada, idolatrada, salve, salve, Lauzinha:

- Isso aqui está virando um cabaré de rato!

PALAVRA

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Porque a palavra já não fala por si? Tem sempre um alguém por detrás deturpando tudo o que ela realmente quer dizer.

Será que a sobra de tudo o que somos nós são palavras, porque, primeiro se fez o verbo?

Estou procurando uma palavra honesta, sem arroz e nem feijão, sem Lupicinio e sem Djavan.

Sem regras. O pleonasmo sobe pra cima, desce pra baixo, sai pra fora, mas continua aí, firme o forte.

O verbo transitivo direto, hoje não é mais tão direto assim. Talvez nem transe mais, afinal, com tanta D.S.T. até pra ele fica difícil.

Estamos sempre na voz passiva, alíás, pacifica demais para o meu gosto. O caminho é o do meio, hoje já está meio de bandinha.

O verbo é o de ligação: ficar. Ficar com ninguém.
Vivemos na era do auto homossexualismo, a gente se come.

Vamos ouvir Caymme.
Vamos escutar o vento.