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VAIDADE EM SÓCRATES

Em seu texto "CRÍTON" Platão nos insere espírito legalista de Sócrates e nos mostra o quanto para ele – Sócrates – o Estado estava acima de todas as coisas, até mesmo de sua própria vida. Podemos começar nossa crítica perguntando: não teria Sócrates caído no pecado da vaidade quando rejeitou a proposta de Críton? Pois, se não, vejamos: sabedor que não lhe restava mais tanto tempo de vida, não teria Sócrates feito de si um mártir da filosofia com o propósito de servir de exemplos aos seus discípulos de quão importante é a constância das idéias para um filósofo? Se fugisse Sócrates prolongaria um pouco mais sua vida na terra, mas em contrapartida, destruiria tudo o que havia edificado e viveria na desonra, já que a covardia seria sua companheira até o fim. Assim, me parece que muito mais que o amor pelo Estado, Sócrates prova que tem amor maior por suas próprias idéias, a tal ponto de morrer por elas. Dizem que a vaidade acadêmica só perde para a vaidade do mundo fashion. Imaginemos que Sócrates não tivesse tomado cicuta. Consequentemente não teria morrido. Viveria mais algum tempo entre os seus discípulos e poderia deixar um legado maior. Mas, quando esse legado é a morte em nome do que se acredita, existe algo maior? Outra coisa que o texto deixa bem claro é que Sócrates era um ótimo perguntador, mas, não tinha a mesma eficiência ao responder, quanto tinha ao perguntar. Se ao contrário fosse, poderia muito bem ter fugido e depois, com toda a inteligência que lhe era peculiar, articulado boas respostas para as questões que ele mesmo apresentou.

P.C. Sócrates, estado, filosofia, morte.

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