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ESQUERDA E DIREITA NO LIMBO

O sociólogo e professor da USP Francisco de Oliveira em um artigo na revista Caros Amigos de abril intitulado “Direita, volver!” faz uma critica ao desaparecimento da esquerda e da direita na política brasileira. Segundo ele a dificuldade de se definir o que seja e quem seja de direita no Brasil é devido a convergência para o centro do espectro político.
Nesse ponto ele concorda com Chantal Mouffe – uma das defensoras da democracia radical – onde em seu texto DEMOCRACIA, CIDADANIA E A QUESTÃO DO PLURALISMO pergunta

- o que é uma sociedade democrática? É uma sociedade pacificada e harmoniosa onde as divergências básicas foram superadas e onde se estabeleceu um consenso imposto a partir de uma interpretação única dos valores comuns? Ou é uma sociedade com uma esfera pública vibrante onde e muitas visões conflitantes podem se expressar e onde há possibilidades de escolha entre projetos alternativos legítimos?
Enquanto para Francisco Oliveira

- a linha divisória entre direita e esquerda, desde os dias em que se definiram as posições dos assentos na Convenção revolucionária de 1789, corta entre os que querem ampliar os direitos do povo e dos indivíduos e os que tentam manter os privilégios originalmente de berço e de herança e posteriormente no capitalismo.

para Mouffe

- a obscuridade das fronteiras entre direita e esquerda que temos presenciado nas sociedades ocidentais, e que é frequentemente apresentada como um signo de progresso e maturidade, é, na opinião dela, uma das mais claras manifestações da fraqueza da esfera pública política.

A pergunta que não quer calar é: a quem pode interessar esse limbo? Quem ganha com isso?
Esta ida da política para o centro esta levando com ela a paixão. A apatia esta tomando conta do processo.
Mouffe diz em seu ensaio que

- a atual apatia com a política que testemunhamos em muitas sociedades democráticas liberais origina-se do fato de que o papel desempenhado pela esfera pública política está se tornando cada vez mais irrelevante.

Será que é por isso que vemos um domínio crescente do setor jurídico?
Será que diante da impossibilidade crescente de enfrentar o problema da sociedade de uma maneira política, é a lei que é acionada para prover soluções para todos os tipos de conflito como questiona Chantal Mouffe?
A arte da política em harmonizar tudo, em tentar sempre o consenso, não estaria evitando o choque de idéias e também o aparecimento de novas proposituras?

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